Dicas de leitura (n.8)

Meu destaque desta vez vai para a Filosofia, um tema do qual eu mantinha distância quando era jovem. Com o tempo, fui aprendendo a gostar ou, talvez, eu ainda não estivesse preparado para saborear e compreender os discursos proferidos há mais de 2.000 anos por gigantes como Sócrates e Platão. Hoje vejo com alegria que os pensadores estão novamente em destaque, em vozes como as de Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella, Clóvis de Barros Filho entre outros. Com a enorme bagagem cultural que possuem, e com o impulsionamento que as redes sociais proporcionam, eles se tornaram símbolos pop do conhecimento. Além de propagar a Filosofia, eles disseminam nas pessoas, o saudável hábito de questionar, ao invés de simplesmente aceitar as coisas como são.

1. O Banquete (Platão)
Sobre:
O banquete (também conhecido como Simpósio, no grego Sympósion) é um diálogo fundamental na obra de Platão que traz como tema principal o amor e a amizade. Supõe-se que o trabalho tenha sido escrito entre os anos 385 a.C. e 380 a.C. 
Durante o banquete, Platão não estava presente, apenas tendo ouvido relatos de terceiros que testemunharam o evento. Por este motivo imagina-se que algumas passagens da obra tenham sido inventadas ou até mesmo desvirtuadas.
Ágaton, vencedor de um concurso de tragédias, decidiu oferecer um jantar para os mais próximos para celebrar, reunindo uma série de figuras ilustres da sociedade grega, incluindo Sócrates. O banquete acaba por se tornar uma espécie de competição onde cada intelectual presente tece um discurso para elogiar o amor. 

2. A alma imoral (Nilton Bonder)
Sobre:
Em sua obra mais conhecida, o rabino Nilton Bonder lança mão de uma série de parábolas judaicas para destrinchar dois impulsos naturais humanos: o da perpetuação e o da ruptura. Através de uma exposição brilhante, o autor nos faz perceber que, ao contrário do que geralmente pensamos, tradição e transgressão, continuidade e mutação, assim como religião e biologia, não estão em campos opostos. O mais fantástico é que, embora sejam paradoxais, estas idéias estão sempre interligadas. O livro parte de um pressuposto: vivemos em um mundo que redescobre o corpo e, portanto, necessita de uma nova linguagem para descrever a natureza humana. Baseado em textos sagrados, Bonder nos remete a um paraíso onde os únicos mandamentos eram “multiplicar-se” e lidar com a questão da “transgressão”. A consciência humana foi formada desta descoberta de que nossa tarefa não é apenas procriar, mas, nas condições certas e na medida certa, transcender a nós mesmos. Vital para a continuidade da espécie, a traição – como a de Adão e Eva e tantas outras – é que gera o conceito de alma. A alma é o elemento do próprio corpo que está comprometida com alternativas fora deste corpo. Enquanto o corpo forja a moral para garantir sua preservação através da procriação, a alma engendra transgressões. Esta alma que questiona a moral, assumindo-se muitas vezes imoral, é apresentada através de incontáveis transgressões em textos e conceitos antigos. É um livro de profundo impacto na reflexão sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições. Um convite para conhecer as profundas conexões entre o traidor e o traído, entre a marginalidade e a santidade, entre a alma e o corpo.

3. Eu (Augusto dos Anjos)
Sobre:
Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro pré-modernista que viveu de 1884 a 1914. Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, “Eu”. Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizaria uma edição chamada “Eu e Outras Poesias”, incluindo poemas até então não publicados pelo autor. Suas poesias trazem marcantes sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação para a morte. Com relação à estrutura, pode-se dizer que suas poesias apresentam rigor na forma e rico conteúdo metafórico. Morreu ainda jovem (em 1914) devido a uma enfermidade pulmonar, deixando para trás suas carreiras de promotor público (formou-se em Direito em 1906) e de professor, além de sua única e marcante obra.

4. Subliminar – Como o inconsciente influencia nossas vidas (Leonard Mlodinow)
Sobre:
Best-seller internacional, do mesmo autor de “O andar do bêbado”. Você acha que sabe como e por que faz suas escolhas? Suas preferências políticas, a gorjeta que dá ao garçom, aquele colega de trabalho com uma cara tão amigável de quem você desconfia e até a pessoa com quem você se casa não são opções tão objetivas assim. Leonard Mlodinow investiga, de forma divertida e brilhante, como o inconsciente modela nosso comportamento e determina nossas decisões e juízos sobre o mundo, as pessoas, as coisas. Um livro que vai mudar a sua vida. “Extraordinários relatos do físico norte-americano. Síntese provocadora e divertida de como as novas pesquisas em neurociência alteram nossa percepção do mundo subliminar.” (Carta Capital): “O autor oferece uma análise brilhante e surpreendente do que chama de ‘novo inconsciente’.” (Estado de Minas); “Um dos dez livros do ano.” (NewScientist.com); “Mlodinow mostra como a ideia de inconsciente tornou-se novamente respeitável. …Fascinante.” (The Economist)

5. Escravidão (Laurentino Gomes)
Sobre:
Autor da série 1808, 1822 e 1889, Laurentino Gomes dedica-se a uma nova trilogia de livros-reportagem, desta vez sobre a história da escravidão no Brasil. Resultado de seis anos de pesquisas e observações, que incluíram viagens por doze países e três continentes, este primeiro volume cobre um período de 250 anos, do primeiro leilão de cativos africanos registrado em Portugal, na manhã de 8 de agosto de 1444, até a morte de Zumbi dos Palmares. Entre outros aspectos, a obra explica as raízes da escravidão humana na Antiguidade e na própria África antes da chegada dos portugueses, o início do tráfico de cativos para as Américas e suas razões, os números, os bastidores e os lucros do negócio negreiro, além da trajetória de alguns de seus personagens mais importantes, como o Infante Dom Henrique, patrono das grandes navegações e descobrimentos do século XV e também um dos primeiros grandes traficantes de escravos no Atlântico. Esta é uma história de dor e sofrimento cujos traços ainda são visíveis atualmente em muitos dos locais visitados pelo autor, como Luanda, em Angola; Ajudá, no Benim; Cidade Velha, em Cabo Verde; Liverpool, na Inglaterra; e o cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Os dois volumes seguintes, a serem publicados até as vésperas do bicentenário da Independência Brasileira, em 2022, serão dedicados ao século XVIII, o auge do tráfico de escravos, e ao movimento abolicionista que resultou na Lei Áurea de 13 de maio de 1888, chegando até o persistente legado da escravidão que ainda hoje assombra o futuro dos brasileiros.


APROVEITE E LEIA: 
 “Divagando em vagão – Crônicas sobre trilhos”
(Angelo Asson – 20 páginas)
Sobre: Uma revista que aborda, de forma simples e divertida, o cotidiano dos usuários do Metrô de São Paulo. Por ser um meio de transporte público, para lá convergem pessoas de características muito distintas, tornando-se assim, um excelente laboratório para a observação do comportamento humano frente às diferenças. Dividem o mesmo espaço, pessoas de todas as idades, de diferentes classes sociais, gêneros, crenças, e outros tantos fatores que contribuem para uma infinidade de temas, que são abordados pelo autor, em crônicas leves, nas quais os leitores acabam se identificando de uma forma ou de outra.
É o caso da divertida “Misantropia lunática”, que narra, com muito bom humor, um dia típico de segunda-feira, quando as pessoas, se deparam novamente com a realidade do dia a dia, em seus deslocamentos para o trabalho, a faculdade etc.
Mas, apesar da leveza de suas crônicas, Angelo Asson procura, sempre que possível, tocar em temas que possam gerar reflexão, visando um melhor convívio entre os usuários, seja no que se refere à segurança, auxílio a deficientes, ou até mesmo questões de educação e respeito, em meio a tantas diferenças.

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